Uma mãe registrou boletim de ocorrência na quarta-feira (8) alegando que o filho autista de 4 anos foi vítima de maus-tratos dentro da creche privada Baby Universe, em Ribeirão Pires, Grande São Paulo.
Segundo a autônoma Jéssica Aparecida Pereira, de 32 anos, desde o ano passado ela passou a perceber diversos hematomas no filho. Fotos enviadas à reportagem mostram marcas roxas nas mãos, dedos e costas da criança.
Ela ressalta que questionou a direção da creche na época, mas como a resposta ouviu que as marcas eram porque o menino é autista e se jogava no chão.
Contudo, este ano, o menino começou a se recusar a ir para a creche. No dia 27 de janeiro ele disse: “dodói, professora bateu”. Foi então que, após o relato da criança, ela pediu transferência para outra escola e fez denúncia ao Conselho Tutelar, que apura o caso.
Ainda conforme a mãe, a creche tem câmeras de vigilância que permitem os pais acompanharem a rotina dos filhos. Foi através dessas imagens que ela chegou a ver que o filho foi excluído de uma atividade e que em outro dia foi trancado em uma sala sozinho por ao menos 15 minutos, onde fez xixi na própria roupa.
Jéssica ressalta que chegou a reclamar sobre a exclusão na atividade e a creche refez. Já no dia que a criança ficou trancada, ela diz que mandou mensagem pedindo que liberasse o menino.
A mãe acredita que desde que o filho recebeu diagnóstico de autismo e encaminhou o laudo médico, em março do ano passado, houve negligência por parte dos funcionários.
O que diz a creche
Em nota, a creche Baby Universe ressaltou que a proposta educacional é voltada para uma educação inclusiva e que a mãe não apresentou o laudo médico que atesta que o aluno tem autismo. Por isso, também procurou o Conselho Tutelar, alegando negligência da responsável.
"Espontaneamente sempre disponibilizamos professores de apoio nas salas de aula. É de conhecimento que um dos diferenciais da escola é justamente contar com o monitoramento por câmeras em toda nossa unidade, demonstrando a transparência e confiança com que desempenhamos o nosso trabalho e a nossa preocupação não somente com a educação, mas também com a segurança de nossos alunos”, diz a nota.
Quanto ao relato de que o menino foi mantido sozinho em uma sala, assim como o de que ele teria sido agredido, a creche diz que é inverídico.
"Estamos reunindo todas as imagens que serão devidamente disponibilizadas às autoridades competentes”, diz a Baby Universe, por meio da sua advogada, Luciana Miranda.
Colmeia Mágica
No ano passado, uma outra creche em São Paulo, a Colmeia Mágica, foi alvo de denúncias de maus-tratos a bebês. Exames de corpo de delito comprovaram que ao menos duas crianças apresentaram lesões nas pernas e nos braços, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público.
De acordo com a investigação, além desses documentos, depoimentos de testemunhas e outras provas ajudaram a confirmar que os ferimentos ocorreram por conta dos 'castigos' sofridos no local.
Ao todo, nove alunos (duas meninas e sete meninos) foram vítimas de tortura e outras violências, de acordo com as autoridades.