MENU

AL82 Publicidade 728x90
16/04/2022 às 13h21min - Atualizada em 16/04/2022 às 13h21min

Mais de 11% dos maceioenses receberam diagnóstico de depressão em 2021

Ministério da Saúde aponta Maceió como 4ª capital do Nordeste e 11ª no País em adultos com a doença

Por Gazetaweb
Mais de 11% dos maceioenses receberam diagnóstico de depressão em 2021
Mais de 11% da população adulta de Maceió declarou ter sido diagnosticada com depressão em 2021, ano marcado pelo isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19. Os dados, que constam da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (Vigitel) do Ministério da Saúde, apontam que a capital alagoana foi a 4ª do Nordeste com o maior índice de pessoas que tiveram a doença confirmada no período.
 

O medo do novo e desconhecido, a incerteza, o uso de máscaras, o distanciamento das pessoas e a preocupação com os parentes mais próximos, em especial os mais idosos, fizeram com que muitas pessoas, que já tinham tendência para ansiedade e depressão, perdessem o controle da situação e se vissem diagnosticadas com essa doença.

De acordo com a psicóloga Laurianny de Lima Cavalcante, a pandemia impactou muito o lado psicológico dos seres humanos, que tinham um padrão de costume, de rotina e, de repente, se depararam com a Covid-19.

“Nos deparamos com a doença, com o uso de máscara, com mortes e com incertezas, pois aqueles 15 dias de isolamento acabaram se arrastando. Com tudo isso, houve um aumento dos casos de depressão e ansiedade, principalmente pela questão da incerteza em relação ao futuro, ao que iria acontecer, e ao medo de morrer ou de perder alguém próximo para a doença. Cada pessoa encara o risco de uma forma diferente, mas para todas, na verdade, acredito que a pandemia foi muito desafiadora”, afirmou a psicóloga.
 

CAPITAIS

De acordo com a pesquisa, um total de 11,26% das pessoas maiores de 18 anos entrevistadas afirmaram terem sido diagnosticadas com depressão ao longo de 2021. O cenário apontado pela pesquisa Vigitel mostra a capital alagoana como a 4ª maior do Nordeste em percentual de pessoas adultas com depressão no período.

Recife-PE foi a que apresentou o maior índice da região, com 12,46%, seguida de Natal-RN (11,75%) e Fortaleza-CE (11,45%). Quando comparado com as demais capitais do país, Maceió ocupa a 11ª posição com o maior percentual de adultos diagnosticados com depressão no ano passado. O topo do ranking ficou com Porto Alegre-RS (17,49%), seguido de Belo Horizonte-MG (11,45%) e Florianópolis-SC (17,08%). O menor percentual foi registrado na capital Belém-PA, com um índice de 7,19%.

“Diante da pandemia, tiveram as pessoas que não conseguiram dar conta da nova rotina e isso se transformou em patologia. É claro que são muitos os gatilhos para que algo se transforme em patologia. Ninguém fica ansioso e nem depressivo do nada. Então acontece algo que é aquela cereja do bolo, que realmente faz com que seja um gatilho e que a doença literalmente se expanda. A pandemia contribuiu muito para as pessoas que já eram ansiosas ficarem ainda mais ansiosas e pessoas que tinham tendência depressiva, passaram a ser diagnosticada com a depressão, por não estarem conseguindo lidar com o todo”, completa a profissional.


Mulheres foram mais afetadas ou buscaram mais ajuda?

Do total de pessoas ouvidas, a maioria das que tiveram resultados positivos para a doença foram as mulheres, que tiveram que lidar com as aulas virtuais dos filhos em casa, com o trabalho em home office e com todas as demais atribuições sem sair de casa. Segundo o Ministério da Saúde, entre as pessoas do sexo masculino ouvidas durante a pesquisa, 8,85% tiveram o diagnóstico para a doença. Já o percentual das mulheres chegou a 13,22%.

Para Laurianny, as mulheres, de fato, foram bastante afetadas pela pandemia. Além disso, elas se permitem sentir mais e se perceberem, buscando ajuda quando necessário, diferente dos homens, que muitas vezes encaram problemas psicológicos como bobagem.

“Durante a pandemia, a mulher foi professora, mãe, dona de casa e profissional trabalhando em home office. Algumas nem com computador sabiam lidar e tiveram que colocar os filhos no celular ou no computador para eles assistirem às aulas. A mulher e suas infinitas jornadas. Além disso, as mulheres se permitem sentir mais e procuram mais ajuda. Ela é mais sensível para falar sobre o que dói. O homem é mais duro e, muitas vezes, procura resolver esses conflitos internos de outras maneiras. As mulheres foram mais afetadas e a gente tem hoje uma quantidade bem considerável delas no consultório ”, pontuou a psicóloga.

 

Quando buscar ajuda?

A psicóloga explica que sentir uma tristeza profunda e não ter vontade de executar as tarefas do dia a dia são sinais de que é preciso recorrer à ajuda profissional. Ela conta que a depressão torna as pessoas inativas em tudo e que, quando os sinais aparecem dessa forma, é porque as pessoas já estão em processo de adoecimento.

“Quando a gente fala sobre depressão, falamos de algumas características que são bem peculiares, que é se tornar inativo em tudo. Você não tem vontade de sair da cama, de viver, de exercer as funções, por mais que as obrigações do dia a dia te coloquem pra frente, mas é uma tristeza tão profunda que você acaba não tendo forças para executar algumas coisas, algumas tarefas. Quando essa tristeza profunda se intensifica, de forma que você não consegue fazer as atividades rotineiras do dia a dia, é porque você já está no processo do adoecimento”, afirma.

Laurianny conta que costuma dizer que a ansiedade é o excesso de futuro. Já a depressão, é o excesso de passado. “É ficar se martirizando com coisas que aconteceram, com as dificuldades que foram enfrentadas. A vontade de viver é pequena, porque a pessoa fica desesperançosa. Essa tristeza profunda deixa a pessoa inativa”, conta a psicóloga.

A profissional ressalta que, diante de todo o cenário colocado pela pandemia, a psicologia também ganhou mais destaque e as pessoas passaram a ter menos preconceito com a terapia, que não deve ser só buscada nos momentos de crise, pois também é uma questão de saúde mental.

“Quando as coisas começam a ficar um pouquinho difíceis de ser digeridas é porque a gente precisa rever o que está acontecendo. Precisamos conversar mais sobre, falar sobre o que estamos sentindo. A busca da ajuda deve vir rápida, depois que você se sente desqualificado, se sente triste, e muitas vezes você sabe até o porquê, mas não consegue lidar com isso. Eu não acredito que as pessoas eram menos depressivas antes da pandemia, mas eu acho que a psicologia cresceu muito porque as pessoas tiveram tempo de se perceber. A gente vive uma vida tão frenética, que não percebe onde dói. Quando ficou todo mundo em casa, sem poder sair, o sentir foi intensificado”, completa Laurianny.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale conosco
Atendimento
Olá! Qual a sua dúvida?