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14/01/2022 às 10h50min - Atualizada em 14/01/2022 às 10h50min

'Superfungo': segundo caso de Candida auris é confirmado em Pernambuco

Anvisa considera esse o terceiro surto do fungo no Brasil e não sabe identificar como se dá sua transmissão

Por Gazetaweb
O segundo caso foi descoberto durante análise de amostras de pacientes do HR
O segundo caso do "superfungo" Candida auris em Pernambuco foi confirmado nesta quinta-feira (13) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), trata-se de uma mulher de 70 anos admitida por questões neurológicas no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, no Recife, no dia 24 de novembro.
 

O primeiro caso no estado do "superfungo" resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares foi confirmado pela Anvisa na quarta-feira (12), de um homem de 38 anos que já teve alta do mesmo hospital. Um terceiro paciente com exame sugestivo para Candida auris segue em investigação.

A mulher que teve o resultado divulgado nesta quinta morreu no dia 5 de janeiro em decorrência dos problemas neurológicos e, apesar de estar com o fungo, não apresentou sintomas, segundo a secretaria. A constatação do fungo foi feita através de exame realizado pelo Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI - Unifesp).

Por nota, a Anvisa explicou que, apesar de apenas dois casos terem sido confirmados, pode-se considerar que este é o terceiro surto de Candida auris no Brasil, já que a definição de surto não é apenas uma grande quantidade de casos, mas também "o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde". 

A descoberta da presença do "superfungo" Candida auris em pacientes do HR foi feita pela microbiologista Camylla Carvalho de Melo. Ela explicou que a identificação foi feita em um exame de rotina (veja vídeo acima).

O caso suspeito que segue em investigação é de um homem de 46 anos admitido na emergência de trauma por outra causa no dia 13 de dezembro. Na quarta-feira ele estava na UTI e não apresentava nenhum sintoma relacionado à infecção pelo fungo.

Identificado pela primeira vez no ouvido de uma mulher japonesa em 2009, o Candida auris é um fungo emergente de difícil diagnóstico que foi identificado em diferentes locais do mundo.

Como é resistente a praticamente todos os medicamentos existentes, passou a ser classificado pelos especialistas como um "superfungo". Sem uma análise especializada, ele pode ser confundido com vários outros tipos comuns.

De acordo com a Anvisa, ainda não se sabe o mecanismo de transmissão, acreditando-se que é por meio de contato com superfícies ou equipamentos contaminados.


Orientações

Já a SES-PE, a Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco foi notificada e deu orientações sobre a implementação de um plano de ação para prevenir a disseminação de microrganismos.

Também houve capacitação com a equipe multiprofissional do serviço e criado um plano de ação para reforçar as medidas de prevenção e controle, com higienização dos ambientes, higienização das mãos, monitoramento sistemático de contactantes e isolamento dos casos suspeitos.

Além disso, a Anvisa informou que a força tarefa nacional foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento, prevenção e controle foram intensificadas.

A preocupação a respeito do Candida auris, segundo a Anvisa, é por ele ser um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública por sua resistência aos medicamentos comumente utilizados para tratar infecções.

Estudos apontam que até 90% dos pacientes de Candida auris são resistentes ao fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas. Além disso, o fungo pode pode causar infecção de corrente sanguínea e ser fatal, principalmente em imunodeprimidos ou com comorbidades.

O Candida auris pode permanecer viável por semanas ou meses no ambiente e apresenta resistência a diversos desinfetantes. Ele também tem propensão em causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais rotineiros e da difícil eliminação do ambiente contaminado.


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