O primeiro caso no estado do "superfungo" resistente a medicamentos e responsável por infecções hospitalares foi confirmado pela Anvisa na quarta-feira (12), de um homem de 38 anos que já teve alta do mesmo hospital. Um terceiro paciente com exame sugestivo para Candida auris segue em investigação.
A mulher que teve o resultado divulgado nesta quinta morreu no dia 5 de janeiro em decorrência dos problemas neurológicos e, apesar de estar com o fungo, não apresentou sintomas, segundo a secretaria. A constatação do fungo foi feita através de exame realizado pelo Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI - Unifesp).
Por nota, a Anvisa explicou que, apesar de apenas dois casos terem sido confirmados, pode-se considerar que este é o terceiro surto de Candida auris no Brasil, já que a definição de surto não é apenas uma grande quantidade de casos, mas também "o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde".
A descoberta da presença do "superfungo" Candida auris em pacientes do HR foi feita pela microbiologista Camylla Carvalho de Melo. Ela explicou que a identificação foi feita em um exame de rotina (veja vídeo acima).
O caso suspeito que segue em investigação é de um homem de 46 anos admitido na emergência de trauma por outra causa no dia 13 de dezembro. Na quarta-feira ele estava na UTI e não apresentava nenhum sintoma relacionado à infecção pelo fungo.
Identificado pela primeira vez no ouvido de uma mulher japonesa em 2009, o Candida auris é um fungo emergente de difícil diagnóstico que foi identificado em diferentes locais do mundo.
De acordo com a Anvisa, ainda não se sabe o mecanismo de transmissão, acreditando-se que é por meio de contato com superfícies ou equipamentos contaminados.
Orientações
Já a SES-PE, a Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco foi notificada e deu orientações sobre a implementação de um plano de ação para prevenir a disseminação de microrganismos.
Também houve capacitação com a equipe multiprofissional do serviço e criado um plano de ação para reforçar as medidas de prevenção e controle, com higienização dos ambientes, higienização das mãos, monitoramento sistemático de contactantes e isolamento dos casos suspeitos.
Além disso, a Anvisa informou que a força tarefa nacional foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento, prevenção e controle foram intensificadas.
A preocupação a respeito do Candida auris, segundo a Anvisa, é por ele ser um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública por sua resistência aos medicamentos comumente utilizados para tratar infecções.
Estudos apontam que até 90% dos pacientes de Candida auris são resistentes ao fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas. Além disso, o fungo pode pode causar infecção de corrente sanguínea e ser fatal, principalmente em imunodeprimidos ou com comorbidades.
O Candida auris pode permanecer viável por semanas ou meses no ambiente e apresenta resistência a diversos desinfetantes. Ele também tem propensão em causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais rotineiros e da difícil eliminação do ambiente contaminado.