(UOL/FOLHAPRESS) – A triatleta Luisa Baptista ainda aguarda os próximos capítulos judiciais que vão definir o futuro do motociclista que a atropelou em 2023 e a deixou por dois meses em coma no hospital. Ela não esconde o estresse diante do caso e cobra justiça ‘bem severa’ ao envolvido.
Convidada do programa Bola da Vez, da ESPN, Luisa Baptista falou sobre o andamento da batalha judicial envolvendo o motociclista e admitiu certa frustração com a morosidade da Justiça no Brasil. Ele irá a júri popular, mas ainda não há data para o julgamento.
“O campo jurídico é algo que tem gerado bastante estresse. A gente sabe que a Justiça no Brasil é muito morosa, mas acredito que vai se resolver. Realmente, o juiz considerou que foi uma tentativa de homicídio, ele vai responder por isso. O advogado dele recorreu, o TJ-SP negou, então, ele vai para júri popular, ainda não tem data, mas ele vai. Até mexe comigo emocionalmente, mas se eu não fizer isso, ninguém vai fazer”, disse Luisa.
Medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2019, a triatleta disse que seu caso virou ‘referência’ para outros advogados. Enquanto aguarda a data do julgamento, ela cobra justiça ‘bem severa’ ao motociclista.
Eu virei referência jurídica, outras pessoas olham para o meu caso para também obter justiça. Tiveram outros advogados que pediram o número do meu caso para usar em outros casos de pessoas que faleceram sendo atropeladas. A gente sabe que esse problema existe no Brasil, meu caso vai ser referência, então, eu luto para que isso tenha justiça e bem severa. Tem que ser teimosa de novo
Luisa Baptista disse ainda que chegou a vomitar por ver o motociclista ‘seguindo a vida’ enquanto ela se recuperava no hospital. Hoje, porém, ela diz não ter mais raiva do envolvido.
Eu não tenho sentimento de raiva dele, já tive, principalmente no hospital, quando eu estava presa e ele seguindo a vida. Tive meus momentos de revolta, até cheguei a vomitar
O QUE MAIS ELA DISSE
Áudios de apoio. “Algumas tias passavam o dia comigo no hospital, apoiavam a minha mãe, tentavam me estimular. E cada estímulo fez toda a diferença para eu me recuperar. Minha mãe percebia que quando eu escutava áudios de amigos, conhecidos, meus parâmetros melhoravam. Isso no coma. Eu saí do coma porque tive mais de 70 áudios recebidos. Muita gente querida do meu lado, mesmo sem estar do meu lado”.
Choro da família. “Eu abri o olho no dia 31 de dezembro, oito dias depois do acidente. Mas o abrir o olho não é sair do coma ainda. Meus pais ficaram doidos, escreveram para o Vitor [irmão], ele foi correndo no hospital, chegou, me deu oi. Eu abri de novo o olho e fui acompanhando ele com o olho, foi o momento que todo mundo começou a chorar”.
Reencontros após coma. “O primeiro momento que eu lembro é quando eu saí do coma mesmo, quando o Gustavo Meliscki (fisioterapeuta) e a Fernanda Zanini, treinadora do Sesi, foram visitar. Parecia que fazia anos que eu não via eles. O enfermeiro disse: ela está muito ansiosa, eu vou dar um remédio para ela dormir. E eu fiquei muito brava, queria matar as saudades”.
RELEMBRE O CASO
Luisa Baptista, triatleta brasileira, foi atropelada enquanto treinava em dezembro de 2023. Ela pedalava na Estrada Municipal Abel Terrugi, em São Carlos (SP), quando uma moto colidiu frontalmente com a bicicleta dela. O impacto resultou em múltiplos ferimentos e fraturas graves.
Após cirurgias, ela enfrentou complicações na coagulação sanguínea e nos pulmões, passando por terapia de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO). O procedimento funciona como um pulmão artificial, desviando o sangue do coração do paciente para oxigená-lo em uma membrana e depois reinserindo-o no corpo. Depois, Luisa chegou a ser transferida de helicóptero para a capital. A triatleta teve alta em abril de 2024.
Em fevereiro deste ano, o Foro de São Carlos decidiu que o motociclista irá a júri popular pelo crime de tentativa de homicídio por dolo eventual. O advogado de defesa chegou a recorrer, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido. Ainda não há data para o julgamento.
Campeã nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, no Peru, Luisa conquistou a medalha de ouro na prova individual feminina do triatlo e na disputa do revezamento misto, ao lado de Vittoria Lopes, Manoel Messias e Kauê Willy. Também foi a 32ª colocada nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, disputado em 2021.
DE VOLTA ÀS PISTAS
Luisa Baptista voltou para as pistas exatamente um ano após ter alta do hospital. Ela competiu na Corrida Time Brasil, em junho, em uma prova de 5 km disputada no Parque Olímpico Rita Lee.
Estou muito feliz e muito cansada também. Isso marca o meu retorno, independentemente do tempo e do resultado. Eu dei o meu máximo
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Fonte: Notícias ao Minuto