A dedicação da Central de Transplantes de Alagoas, ligada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), na sensibilização pela doação de órgãos tem dado resultado. Prova disso é que nesta terça-feira (9), no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, mais uma família enlutada pelo diagnóstico de morte encefálica de seu ente querido autorizou a captação, o que se converteu em alegria para outras quatro famílias que aguardavam com esperança por esse ato solidário.
O doador foi um homem de 58 anos que sofreu uma queda da própria altura e, após a conclusão do protocolo de morte encefálica, foi constatada a irremediável e irreversível lesão nervosa, o que significa a morte clínica, legal e social. Em tempo, a Organização de Procura de órgãos (OPO) participou do acolhimento aos familiares durante a triste notícia, concedendo informações relevantes para a concretização da doação dos órgãos.
“É uma escolha muito boa e feliz. Tanto eu como a minha família sabemos a importância da doação de órgãos, já que a minha mãe está agora em Recife se recuperando de um transplante de rim. Desse modo, nós temos total ciência de que essa decisão ajudará a salvar mais vidas e era também o que meu pai decidiria se pudesse se comunicar”, afirmou Thagliane Nascimento da Silva, de 33 anos, filha do doador e também cadastrada para doação de medula óssea.
Conforme levantamento feito pela Central de Transplantes de Alagoas, atualmente a lista de espera por órgãos conta com 536 pessoas. Deste total, 502 aguardam por córneas, 30 por um rim e quatro por fígado. Nesta captação, foi possível retirar dois rins e duas córneas, que foram cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para disponibilidade ao doador compatível. Os órgãos já foram transportados para os cidadãos contemplados.
“Isso é a continuidade da vida. É quando a família, no momento mais difícil, opta por dizer sim e abre essa possibilidade para que outras pessoas que estão na fila do transplante possam receber essa dádiva. Uma atitude que faz muita diferença na vida de tantos indivíduos envolvidos e que nos motiva, enquanto profissionais, a melhorar cada vez mais os nossos processos e técnicas”, concluiu o coordenador da OPO em Alagoas, Lucas Santana.
Serviço
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país. Apesar do grande volume de procedimentos de transplantes realizados, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande.
“Para reverter esse impasse, a Central de Transplantes de Alagoas tem promovido cursos, treinamentos, capacitações e rodas de conversa para sensibilizar os profissionais sobre a importância do correto diagnóstico da morte encefálica, bem como a notificação oportuna para a OPO do hospital. Profissionais da saúde conscientes, que entendem o seu papel nesse processo, são fundamentais para aumentarmos o número de famílias que autorizam a doação, ainda que elas sintam profunda dor pelo luto”, ressaltou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos.