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05/07/2023 às 12h48min - Atualizada em 05/07/2023 às 12h48min

'Vou matar o Luan': testemunha diz que agressor estava armado

Atleta de futebol do Corinthians foi agredido e intimidado por membros da torcida organizada dentro de motel na Zona Oeste de São Paulo, na madrugada de terça-feira (4)

Por Gazetaweb
Luan comemora gol pelo Corinthians em clássico contra o São Paulo

Testemunha das agressões sofridas pelo jogador de futebol Luan, do Corinthians, relatou à Polícia Civil de São Paulo que um dos membros da torcida organizada Gaviões da Fiel estava armado e ameaçou matar o atleta. O caso aconteceu na madrugada de terça-feira (4), na Zona Oeste de São Paulo.

Segundo o boletim de ocorrência do caso obtido pelo g1, uma das vítimas descreve que estava em um motel com o jogador e outras pessoas quando sete pessoas invadiram o quarto e passaram a ameaçá-los.

"Vou matar o Luan, vou matar vocês, aqui é da Gaviões", disse um dos criminosos, conforme o BO.

"Safado, vagabundo. Se não sair do Corinthians, vamos te matar", teria dito outro agressor.

O relato da testemunha afirma que um homem de blusa moletom azul e usando máscara ninja estava armado e apontava para Luan e as outras pessoas dentro do quarto do motel. Além de Luan, dois amigos são incluídos no boletim de ocorrência como vítimas das agressões.

Após entrarem no local e ameaçarem todos, o grupo passou a agredir os homens e soltavam fogos de artifício no estacionamento do motel.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que o jogador de utebol Luan, do Corinthians, leva um golpe de mata-leão de um torcedor do clube enquanto é intimidado em um motel.

As imagens mostram o jogador sem camisa, de bermuda branca, enquanto integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel o pressionam para deixar o clube. Eles dizem:

"Fala que você vai sair do Corinthians".

"Tem que respeitar o Corinthians, c*".

"Você está sugando o Corinthians".

O grupo soltou fogos de artifício dentro do motel e gritou ser formado por integrantes da organizada. "É Gaviões, c*", gritaram enquanto intimidavam o atleta.

Segundo apurado pelo g1 e confirmado no registro policial, 7 pessoas participaram da intimidação e agressão. Um deles se apresenta nas redes sociais como conselheiro e vice-presidente da Gaviões. Após o caso, eles se encontraram em um bar no Centro de São Paulo e publicaram uma foto.

"Alvo encontrado com sucesso. Vontade de 37 milhões de loucos", escreveu um deles.

Por volta de 15h desta terça-feira (4), o jogador postou em suas redes sociais uma imagem em que mostra sangue em sua bermuda branca e a frase "não é só futebol...".

 

Ameaça a funcionários do motel

À Polícia Civil, os funcionários do motel disseram que foram rendidos por homens armados e, por isso, não "tiveram como impedi-los" de entrar no lugar e que cobraram informações de em qual quarto estava o jogador de futebol.

O registro oficial do caso indica que um motorista de aplicativo teria repassado a informação de que Luan estava em uma festa no motel.

"As vítimas relatam que estavam realizando uma festa no local, sendo que uma das meninas teria dito ao motorista de aplicativo sobre a tal festa, este por sua vez repassou a outras pessoas e tal informação teria chegado à torcida organizada Gaviões da Fiel", diz o BO.

Ainda de acordo com as testemunhas, elas disseram que depois das agressões e que o grupo foi embora, passaram a receber imagens em seus celulares em que identificaram os agressores comendo em uma lanchonete do Centro da capital paulista depois de agredi-los.

"Na foto, sete indivíduos, vestindo exatamente moletons que usavam no momento das agressões", diz o registro policial. "Além disso, as vítimas também receberam 'prints' de conversas sobre fotos de pagamento da maquininha de cartão pago no motel, nas despesas da vítima Luan".

A Polícia Civil orientou as vítimas que elas têm até seis meses para representar contra os agressores e destacou que o local possui câmeras de segurança.

Segundo informações obtidas pelo ge, torcedores do clube encontraram o jogador e Luan sofreu agressões principalmente nas costelas. O jogador estava acompanhado de cerca de cinco amigos e quatro mulheres.

Em nota, o Corinthians confirmou que o jogador foi agredido por "supostos torcedores" e lamentou o ocorrido (leia a íntegra ao fim da reportagem). O caso é investigado pela Polícia Civil de São Paulo. Delegado da Delegacia de Repressão aos Delitos Esporte, Cesar Saad confirmou ao ge que apura o ocorrido a pedido do clube.

"Fui procurado pelo presidente Duilio [Monteiro Alves] e estou averiguando o caso. O Corinthians não conseguiu falar com o jogador nem o representante dele, mas já colocou o departamento jurídico em alerta para tratar desse tema", disse Saad.

 

Passagem de Luan pelo Corinthians

Luan foi contratado pelo Corinthians em 2020, depois de seis anos como atleta do Grêmio. Dois anos antes, ele venceu a Copa Libertadores com o time gaúcho e acabou eleito Rei da América, considerado o melhor jogador do continente naquele ano.

O Corinthians pagou 5 milhões de euros (em torno de 22,7 milhões na cotação à época) para contratá-lo. Uma das reclamações atuais da torcida é o salário pago ao atleta, que gira em torno de R$ 800 mil.

Em quatro anos, o atleta deu pouco retorno esportivo e virou alvo de protestos da torcida. Lesões e falta de intensidade dentro de campo marcaram a passagem pelo clube até o momento.

No alvinegro paulista, o meia-atacante soma 78 jogos oficiais e nove gols marcados. No ano passado, Luan jogou por empréstimo no Santos, time em que anotou um gol em oito partidas. Seu último jogo oficial ocorreu no dia 10 de novembro de 2022, na derrota do Peixe para o Botafogo, por 3 a 0, pelo Campeonato Brasileiro masculino de futebol.

O Corinthians tentou rescindir o contrato do jogador em fevereiro deste ano, sem sucesso.


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