Muratov já havia dito que os US$ 500 mil recebidos durante sua premiação seriam destinados a ajudar os ucranianos. A ideia da doação, disse ele, “é dar às crianças refugiadas uma chance de futuro”.
Muratov, premiado com a medalha de ouro em outubro de 2021, ajudou a fundar o jornal russo independente Novaya Gazeta e foi o editor-chefe da publicação quando fechou em março em meio à repressão do Kremlin a jornalistas e à dissidência pública após a invasão da Ucrânia pela Rússia .
Em entrevista à Associated Press, Muratov disse estar particularmente preocupado com as crianças que ficaram órfãs por causa do conflito na Ucrânia.
“Queremos devolver o futuro deles”, disse ele.
Muratov dividiu o Prêmio Nobel da Paz no ano passado com a jornalista Maria Ressa das Filipinas.
Os dois jornalistas, que receberam cada um suas próprias medalhas, foram homenageados por suas batalhas para preservar a liberdade de expressão em seus respectivos países, apesar de serem atacados por seus governos e até serem ameaçados de morte.
Muratov tem criticado fortemente a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e a guerra lançada em fevereiro que fez com que quase 5 milhões de ucranianos fugissem para outros países em busca de segurança, criando a maior crise humanitária na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A reportagem da AP destaca que jornalistas independentes na Rússia estão sendo observados de perto pelo Kremlin. Desde que Putin chegou ao poder há mais de duas décadas, quase duas dúzias de jornalistas foram mortos, incluindo pelo menos quatro que trabalhavam para o jornal de Muratov.
Ataque em trem
Em abril deste ano, Muratov foi alvo de ataque dentro de um trem que ia de Moscou até Samara. Segundo ele, um desconhecido derramou tinta vermelha e a acetona na cabine de trem onde ele estava. Ele também teria gritado “Muratov, um brinde a nossos meninos”.