A psicóloga que acompanhou Anderson Jacksson Oliveira Santos - único sobrevivente da tragédia -, Aline Dammasceno Rego, disse, durante julgamento do caso, não ter dúvidas de que o menino narrou o que presenciou. A criança, à época, repetiu a mesma história mais de seis vezes, sem entrar em contradição, reforçando, para a profissional, que ele falou a verdade.
Dentre outras coisas, ele contou à psicóloga a sequência do crime bárbaro. Disse que presenciou a mãe sendo espancada e agredida com um facão pelo acusado, Daniel Galdino Dias, e que, junto com os irmãos, tentaram se esconder, mas foram encontrados pelo agressor por causa dos gritos de desespero do irmão Adrian Guilherme de Oliveira Santos.
Anderson tinha seis anos na época em que sua família foi dizimada, mas relatou o que viveu no dia. “Ele diz assim, em referência ao que ouviu do acusado: Cadê ele? Cadê ele? Cadê a chave da moto? E aí sai puxando a mãe para fora de casa e tem uma corda e saiu batendo. Ele disse que bateu muito na cabeça da mãe dele e os meninos começaram a chorar e a gritar. E ela só dizia corram, corram. Foi quando ele disse que saiu correndo com os irmãos e ficaram numa vala”, detalhou a psicóloga, com base no que ouviu da criança.
Ela afirmou que, repetidas vezes, o garoto disse “Ele matou a minha irmã, o Gui e eu”, por compreender que, ferido, estivesse morto. “E eu perguntei a ele, com o quê? Ele respondeu: de foice”. Para ela, Anderson é claro quando disse que o irmão Guilherme estava chorando muito, estava escuro e a irmã tentava calar Gui, mas não conseguia. "Daniel ouviu o choro do Gui. E lembro quando ele disse matou Maria, matou o Gui e me matou. E entendi que ele quis dizer matou meus sonhos, minha casa e minha família".
A interrogada esclareceu, em juízo, que auxiliou no relato do garoto para aclarear alguns pontos ainda obscuros. Para ela, a polícia, sozinha, não conseguiria extrair o depoimento do menor sem o auxílio da Psicologia.
Segundo ela, uma criança pode, sim, inventar uma história, mas a contradição certamente aparece quando o fato é narrado mais de uma vez, o que não aconteceu com Anderson. Por este motivo, o promotor de Justiça questionou se havia a possibilidade de o menino estar mentindo, mas a psicóloga foi bastante taxativa. “De jeito nenhum".
O CASO
Narram os autos do processo que, no dia 8 de novembro de 2015, Daniel Galdino Everaldo saiu do Sítio do Senhor Péo, localizado na Avenida Luiz França Albuquerque, no bairro Guaxuma, em Maceió, na companhia de Evaldo, para fazer um trabalho. Durante o trajeto, Daniel, sem motivo aparente, surpreendeu a vítima com golpes de facão, e, quando a vítima caiu, Daniel desferiu vários outros golpes nas costas, amputou a mão esquerda de Evaldo e a jogou na vegetação, próximo ao corpo.
Em seguida, Daniel teria retornado à residência das vítimas e arrancou a vítima Jenilza do imóvel, vindo a amarrá-la com uma corda elástica, em uma das bases de concreto de um galpão em construção, momento em que também começou a agredi-la com vários golpes de facão e a matou.
Além disso, naquela ocasião, as crianças Guilherme, Maria e Anderson, filhos do casal, que estavam acompanhando tudo, após ouvirem os clamores da mãe, fugiram do local e se esconderam no matagal. Todavia o choro do pequeno Guilherme, de apenas dois anos, denunciou o paradeiro dos menores, que foram covardemente atacados por Daniel, com o objetivo de não deixar testemunhas.
A denúncia aponta que Daniel, com o intuito de assegurar a impunidade dos crimes, desferiu vários golpes de facão nas crianças, ocasionando a morte de Eduarda e Guilherme. “Por um milagre, o menor Anderson Jacksson Oliveira Santos resistiu aos ferimentos e conseguiu sobreviver à chacina, após ter sido encontrado e socorrido por um policial”, apontou a denúncia.