Porém, os resultados apontam para uma diminuição, dentro de um intervalo de três a seis meses, de 61,3% na eficácia geral da AstraZeneca e de 67,6% no caso da Pfizer. A pesquisa indicou ainda que, após seis meses, a proteção da AstraZeneca contra os sintomas da variante Ômicron cai para apenas 36,1%. Com a Pfizer, o número fica em 46,7%.
Os dados mostram que, apesar de o ciclo vacinal tradicional dos imunizantes não proteger bem contra as manifestações sintomáticas da infecção, o paciente tem menos chance de desenvolver caso grave e morte.
Cenário otimista
Em entrevista ao MailOnline, o especialista em doenças infecciosas da Universidade de East Anglia, Paul Hunter, reagiu com otimismo às estimativas dos pesquisadores e disse acreditar que as duas doses dos imunizantes podem proteger mais do que as projeções.
Segundo o professor, dados hospitalares da Ômicron na África do Sul sugerem que as células T, que são mais difíceis de medir, estão desempenhando um papel crucial na imunidade.
“Assim como os anticorpos, temos células T, e há algumas evidências de que a imunidade delas é mais bem conservada entre as variantes antigas e a Ômicron do que os anticorpos”, explica. “O grande problema aqui é que todos os resultados são estimativas baseadas em anticorpos neutralizantes e, embora isso provavelmente seja preciso para infecções e doenças sintomáticas, é um pouco diferente quando se olha para doenças graves”, completa Hunter. Ele diz ainda que há razões para acreditar que as vacinas sejam mais eficientes contra hospitalização e morte do que indicado até o momento.
Já o microbiologista da Reading University, Simon Clarke, alerta que a diminuição da eficácia é preocupante. “Ninguém esperava que a Ômicron acabasse com a eficácia da vacina. Apenas uma queda era esperada – o que por si só pode causar danos suficientes”, lamenta.