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13/12/2021 às 19h26min - Atualizada em 13/12/2021 às 19h26min

Comandante de guarnição flagrada cobrando propina intimidou vítima por telefone

Segundo os promotores, com o avançar das investigações, foi possível vincular o homem titular da conta com a policial feminina da guarnição

Por Gazetaweb
Material apreendido durante operação conjunta
Documentos obtidos pela Gazetaweb mostram que o comandante da guarnição do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), acusada de cobrar propina para liberar motoristas autuados por infrações no trânsito, intimidou uma das vítimas por meio de ligação telefônica.
 

Na representação que o Ministério Público de Alagoas (MPAL) enviou aos juízes da 17ª Vara e que a reportagem teve acesso, é narrado que o cabo que comanda a guarnição liga para a vítima e, “de forma intimidatória”, avisa que ela teve sorte por ter sido o primeiro veículo a ser parado e a câmera não estava ligada.

Logo em seguida, o cabo pergunta se a vítima poderia fazer um PIX. Diante do pedido do militar, a vítima pede para que o cabo ligue após trinta minutos e o militar, “novamente em tom de intimidação”, relata que está com os dados da vítima todos prontos e que precisa repassar (dependendo do pagamento).

O documento mostra que após trinta e sete minutos o policial retorna a ligação e diz que “não tem o interesse de explorar um pai de família e manda ele realizar um PIX e passa a chave”. A chave enviada é um e-mail. A vítima diz que vai colocar cem reais na conta que o militar enviou, mas o cabo intervém e diz que não e manda colocar cento e cinquenta reais para cada um membro da guarnição.

Foi após o cabo dizer a chave pix nesta conversa que os promotores descobriram que se tratava de uma conta também em nome de um homem citado anteriormente em cobranças de propinas. Segundo os promotores, com o avançar das investigações, foi possível vincular o homem titular da conta com a policial feminina da guarnição, tendo em vista que, com a quebra de sigilos de dados do Whatsapp, foi percebido que ambos o homem e a policial possuem os contatos registrados em suas agendas pessoais do celular.

GUARNIÇÃO ERA FORMADA POR DOIS HOMENS E UMA MULHER

Dois cabos e uma soldado formavam a guarnição do BPTran acusada de cobrar propina para liberar motoristas autuados por infrações no trânsito. A Gazetaweb teve acesso à farta representação do Ministério Público de Alagoas (MP/AL) que foi apresentada à Justiça. As prisões foram decretadas pelos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital.
 

No começo dos trabalhos, os promotores investigaram duas guarnições do batalhão, a Rotran 1 e Rotran 2. De imediato foi identificado que o titular da conta bancária para onde a propina era enviada não é Policial Militar, e que ele trabalha como corretor de planos de saúde e odontológicos.

Com o caminhar das investigações, a participação da Rotran 2 foi descartada, mas em relação à Rotran 1, “foi possível obter fortes indícios de autoria e materialidade, sobretudo dos delitos de concussão."

Conforme consta nos documentos que a Gazetaweb teve acesso, os dois cabos foram presos em Maceió, um no Conjunto Jardim Royal, no bairro Cidade Universitária, e outro em um apartamento no bairro Ponta Verde. Já a soldado foi presa no Conjunto Belo Jardins, no bairro Boa Vista, em Arapiraca. Por fim, o preso, que não é militar, foi detido na Ponta da Terra, em Maceió.

Os documentos mostram que as investigações começaram em julho deste ano e detalham a forma como os policiais agiam. “Abordavam aleatoriamente motoristas em via pública e, em caso de encontrar possível irregularidade, obrigavam o condutor a pagar propina com o intuito de não ter a multa aplicada, e até mesmo a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou o próprio veículo recolhido", informa trecho da representação.

Os promotores continuam narrando que o pix era a alternativa usada pelos militares para as pessoas que não tinham dinheiro em espécie para pagar o suborno. “Para aqueles motoristas que no momento da abordagem alegavam não possuir dinheiro para escapar da multa e consequentemente a apreensão de sua CNH e veículo, era oferecida a modalidade de 'pagamento da propina via PIX'".

“Assim, para deixar o cidadão sem alternativas, os suspeitos, de forma deliberada e cinicamente, obrigavam a serem feitas transferências bancárias, via PIX, só liberando o veículo e o motorista após a comprovação da operação bancária”, detalha o documento.


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