"Eles estavam sob o efeito de álcool e drogas quando o crime aconteceu. A motivação só com uma confissão, porém, temos o histórico dos conflitos na casa. O que se sabe é que ele apanhava e reclamava do uso de drogas e do padastro. A motivação que se imagina foi desdobramento de alguma situação dessa", disse Ronilson.
Ana Patrícia Laurentino dos Santos, de 37 anos, mãe de Rhaniel, e Wagner Oliveira, de 25 anos, irmão do padrasto, foram presos na sexta-feira (19). O padrasto de Rhaniel, Vitor Oliveira, de 28 anos, já está preso desde junho, acusado de estupro contra uma adolescente de 12 anos, que seria prima do menino. No dia em que foi presa, Ana Patrícia assinou os papéis do casamento com Victor Oliveira.
O delegado Bruno Emílio disse que as linhas de investigação foram diversas. "A mãe tinha a credibilidade de genitora, porém, tinha diversos conflitos familiares, e a polícia seguiu - de início - as indicações da mãe. Por vezes, ela foi à imprensa fazendo vídeos, defendendo o padrasto. Os três foram presos e são considerados os autores desse crime bárbaro", reforçou o delegado
Na madrugada do dia 13 de maio, quando o corpo teria sido desovado, a mãe e o padastro estavam com o secretário de Segurança em Pernambuco, na casa do pai da criança. A partir disso, a polícia passou a investigar a participação de um terceiro envolvido. E, assim, a investigação chegou ao Wagner. Tudo indica que Rhaniel tenha sido morto na madrugada do dia 12 de maio.
"Dias depois, encontramos 78 pesquisas de cunho pornográfico envolvendo adolescentes e idosos e 48 referentes a homicídios no celular da mãe. Isso já demonstra uma pré-disposição para esse tipo de crime. A mãe teria acobertado tudo e ajudado a ocultar o corpo, mas maiores detalhes do envolvimento só seria possível com uma confissão. Exitem relatos de que ela já espancou o menino antes, a criança reclamava de diversas situações, e há históricos dessa relação conflituosa em casa", disse ainda o delegado Bruno Emílio.
Nesse dia, a bola de futebol foi dada à própria mãe, Ana Patrícia. "Essa bola foi vendida por R$ 1.500, dias após o jogo. Por qual motivo essa bola seria vendida, se era uma homenagem para o menino?", questionou o delegado Ronilson Medeiros.
Com a repercussão do caso, a mãe gravou inúmeros vídeos, tentou se inscrever em realities e até simulou um suicídio. O padastro já havia sido preso por tráfico e roubo.
O casal tinha menos de um ano de envolvimento, e Rhaniel não aprovava o relacionamento da mãe.
Os familiares dizem, ainda, que a criança reclamava do uso de drogas dentro de casa.
Ainda de acordo com os delegados, o inquérito foi concluído e remetido à Justiça. Os suspeitos foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e estupro de vulnerável.
O CASO
No dia 13 de maio, Rhaniel Pedro Laurentino da Silva, de 10 anos, foi encontrado morto em uma calçada e coberto por um lençol, no bairro Clima Bom, na parte alta de Maceió. Ele tinha desaparecido ao sair para o reforço escolar e foi encontrado um dia depois.
Segundo o Instituto Médico Legal (IML), Rhaniel morreu por aspiração de sangue. O exame constatou lesões na região craniana e na face, além de hematomas na região do tórax e no interior da boca, provocados por asfixia.