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25/08/2021 às 12h51min - Atualizada em 25/08/2021 às 12h51min

PF acha R$ 20 milhões em espécie na casa de suspeito de 'pirâmide'; movimentação chegou a R$ 2 bi

Por volta das 10h30, quantia ainda estava sendo apurada pelos agentes, mas R$ 20 milhões em dinheiro já tinham sido separados. Volume de dinheiro surpreendeu agentes: 'Nem na Lava-Jato', disse um.

Por G1
Polícia Federal cumpre mandado no Itanhangá — Foto: Reprodução

Agentes da Polícia Federal já apreenderam R$ 20 milhões em espécie na casa do dono da GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson Acácio dos Santos, preso no início da manhã desta quarta-feira (25) na Operação Kryptos. Por volta das 10h30, o G1 apurou que os agentes ainda contabilizavam a quantia. Oficialmente, a Polícia Federal ainda não divulgou o valor apreendido na residência.

A ação foi comandada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal. Glaidson é suspeito de fraude que movimentar “cifras bilionárias”.

Segundo as investigações, Glaidson, cujo histórico profissional era de garçom, movimentou em pouco tempo R$ 2 bilhões em suas contas.

Ele foi preso em uma mansão na Barra, na Zona Oeste do Rio. Policiais apreenderam na casa dele reais, dólares e euros em espécie e até barras de ouro. O Bom Dia Rio apurou que o volume de dinheiro vivo surpreendeu até os agentes que participam da ação: “Nem na Lava-Jato”, disse um.

Ainda de acordo com os agentes, a GAS também se apresentou como proprietária de R$ 6,9 bilhões apreendidos em Búzios.

Em nota, a defesa de Glaidson informou que ainda está estudando qual caminho deve seguir e que R$ 20 milhões é uma quantia alta, mas que não é necessariamente oriunda de prática criminosa.

"Foi uma surpresa. Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação. R$ 20 milhões é uma quantia exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda de prática criminosa. Ganhar dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime", explicou o advogado Thiago Minagé.

As equipes saíram para cumprir nove mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no RJ, São Paulo, Ceará e Distrito Federal. Até a última atualização desta reportagem, além de Glaidson, um homem havia sido preso no Aeroporto de Guarulhos (SP), tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana.
 

Lucro ‘fácil’ em ‘criptomoedas’

Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos em bitcoins, mas a força-tarefa afirma que a GAS nem sequer reaplicava os aportes em criptomoedas, enganando duplamente os clientes.

A empresa de Glaidson tinha muitos investidores em Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que se tornou um paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira e ganhou até o apelido de Novo Egito, como o Fantástico mostrou há duas semanas.

“Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12 meses”, informou a PF.

A GAS não tinha site nem perfis em redes sociais, e o telefone disponível na Receita Federal não funcionava.

Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio. Também fazem parte da força-tarefa o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPF) e a Procuradoria de Fazenda Nacional.


De garçom a bilionário

Um registro do Ministério do Trabalho mostra que até 2014 Glaidson recebia pouco mais de R$ 800 por mês como garçom.

Em fevereiro deste ano, Glaidson fez uma festa de aniversário com direito a show do cantor João Gabriel. Dois meses depois, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em um helicóptero. O dinheiro estava em três malas e, segundo as investigações, seria levado para São Paulo por um casal que trabalhava para a GAS Consultoria Bitcoin.

Anteriormente, em um depoimento à polícia, Glaidson negou negociar criptomoedas. Alegou que atuava com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Já para os clientes, o empresário dizia que investia no ramo das criptomoedas havia nove anos.


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