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Hoje são 22 Edílsons em campo, diz árbitro da Máfia do Apito em série

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pivô do escândalo que abalou a arbitragem brasileira em 2005 e levou à anulação de 11 partidas do Campeonato Brasileiro daquele ano, Edílson Pereira de Carvalho afirmou que ainda é muito fácil manipular jogos de futebol.

“Hoje são 22 Edílsons em campo”, disse o ex-árbitro em participação na série documental Máfia do Apito, nome pelo qual o episódio ficou marcado na época.
A referência é clara: além dos árbitros, os 11 jogadores de cada equipe também podem interferir nos resultados e situações de uma partida de forma antidesportiva e criminosa.

Investigações recentes, como a operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás, que apurou a atuação de um grupo de apostadores que aliciava jogadores, e a denúncia ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, que foi suspenso do Campeonato Brasileiro e se tornou réu na Justiça, suspeito de fraude esportiva, reforçam a opinião do ex-árbitro.

Produzida pelo canal SporTV em parceria com a produtora Feel The Match, a série de três episódios estreará nesta sexta-feira (5), às 19h30, no canal por assinatura. Em seguida, também estará disponível no Globoplay.

Embora estabeleça uma breve conexão com fatos atuais, a produção se propõe mesmo a fazer um resgate histórico do escândalo e a jogar luz sobre questionamentos levantados pelo próprio Edílson.

“Eu ganhei muito mais dinheiro [com o esquema de apostas] no Campeonato Paulista do que no Campeonato Brasileiro. Então, fica a pergunta no ar: por que só os jogos do Brasileiro foram anulados? Por que não os do Paulista? Por que não os da Libertadores?”

Para Bruno Maia, diretor da série, embora os jornalistas da época tenham feito “uma cobertura brilhante” do caso, as reportagens se concentraram no campeonato que estava em andamento, no caso, o Brasileiro.

“A Libertadores já tinha terminado, o Campeonato Paulista, também. De certa forma, tudo se relativizou”, disse Maia à Folha. “A história acabou sendo contada pelo Campeonato Brasileiro”, acrescentou.

Além de Edílson, o árbitro Paulo José Danelon foi alvo das investigações. Ambos foram banidos do futebol e, posteriormente, denunciados pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

O escândalo foi revelado pela revista Veja em outubro de 2005. A publicação mostrou que Edílson e Danelon combinavam resultados de jogos junto com um grupo de empresários apostadores, liderados por Nagib Fayad. Cada árbitro recebia entre R$ 10 mil (R$ 29 mil em valores atuais, corrigidos pela inflação) e R$ 15 mil (R$ 44 mil) por partida fraudada.

A ação penal foi suspensa em 2007 por ordem do desembargador Fernando Miranda, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Em agosto de 2009, o mesmo magistrado e outros dois colegas do tribunal determinaram o trancamento da ação, entendendo que os fatos apurados não caracterizavam crime de estelionato.

“O Edílson ficou em prisão preventiva por cinco dias porque o crime de fraudar jogos não era tipificado [no Código Penal]”, lembrou o diretor.

Para Bruno Maia, o escândalo poderia ter sido evitado se as estruturas do futebol não tivessem falhado no início da trajetória de Edílson. Ele falsificou um diploma de ensino médio para fazer o curso de árbitros da FPF (Federação Paulista de Futebol).

“É uma fragilidade sistêmica. E isso foi descoberto em 2003, mas ele voltou, ou seja, foi perdoado. O cara veio com várias falhas. Na série, alguns árbitros dizem que sabiam que o Edílson tinha problemas financeiros por causa de bingos. Isso tudo era sabido e mostra como o futebol faz vista grossa e até certa apologia ao charme da malandragem”, critica o diretor.

Em seu depoimento na série, o ex-árbitro destaca que sua ascensão dentro do futebol foi rápida. “Eu falsifiquei um diploma de segundo grau para fazer minha inscrição na Federação Paulista de Futebol. Com três anos, eu já estava na primeira divisão.”

Os 11 jogos apitados por Edílson no Brasileiro de 2005 acabaram anulados pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Luiz Zveiter, então presidente do tribunal, disse que a anulação ocorreu para remover completamente a participação do árbitro no torneio e restaurar o prestígio da disputa.

A edição daquele ano terminou com o título do Corinthians, com três pontos a mais do que o Internacional, o segundo colocado. A equipe alvinegra teve duas de suas partidas remarcadas, duas derrotas com Edílson no apito. Na repetição dos jogos, conquistou quatro pontos, decisivos para a conquista.

A contratação mais cara entre os 20 clubes da elite do Brasil nesta última janela foi a do volante Danilo, que trocou o Nottingham Forest, da Ingalterra, pelo Botafogo

Folhapress | 10:15 – 05/09/2025



Fonte: Notícias ao Minuto

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