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Atores brasileiros defendem regulamentação de plataformas de streaming

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Cineastas e profissionais do setor audiovisual brasileiro lançaram recentemente um manifesto pedindo a regulamentação do streaming no Brasil. Chamado de Manifesto por uma Regulamentação do Streaming à Altura do Brasil e assinado por milhares de profissionais do setor, o documento defende que “a regulamentação do vídeo sob demanda (VOD) é hoje a medida mais urgente e estratégica para garantir o futuro do audiovisual brasileiro”.

O manifesto – que já foi assinado por nomes como Joel Zito Araújo, Lúcia Murat, Matheus Nachtergaele, Karim Aïnouz, Paulo Betti, Malu Mader e Marcos Palmeira – reivindica que as plataformas de streaming sejam obrigadas a investir, no mínimo, 12% de sua receita bruta no mercado brasileiro. Desse total, a ideia é que 70% sejam destinados ao Fundo Setorial do Audiovisual, por meio da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), um tributo que incide sobre a produção, distribuição e exibição de obras audiovisuais. Segundo o documento, isso iria fortalecer “políticas públicas transparentes e descentralizadas, com alto potencial de retorno econômico e fiscal”.

Os demais 30% seriam aplicados diretamente pelas plataformas em obras brasileiras independentes, por meio de licenciamento ou pré-licenciamento, o que poderia estimular também a produção privada.

Na noite desta sexta-feira (26), durante a cerimônia de abertura do Festival de Cinema Sul Americano de Bonito (Cinesur), realizado no Centro de Convenções de Bonito (MS), diversos atores brasileiros defenderam a regulamentação do streaming no país.


Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito
Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito

Antônio Pitanga e Maeve Jinkings apresentam o 3° Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano – Diego Cardoso/Fotografando Bonito

Em entrevista à reportagem da Agência Brasil, o ator Antônio Pitanga, por exemplo, disse que a situação atual é preocupante. “Temos que estar acesos e ligados com essa discussão e colocar a cara na vitrine para poder discutir sobre isso e exigir do governo federal, ministros, deputados e senadores [a aprovação desse projeto]”, defendeu. “Estamos trabalhando com a proposta de taxação de 12%, mas os 6% [que estariam sendo pensados pelo governo] já nos contemplaria. Temos que defender o cinema nacional. Essa é uma discussão aberta. A política é a arte de negociar. E acho que o governo Lula teria condições de aprovar [a proposta]”, completou.

A mesma opinião tem a atriz Maeve Jinkings. “Como atriz que circula sempre entre plataformas de streaming e televisão, é muito evidente a precarização nos contratos dos profissionais que estão nessa cadeia e que são submetidos a contratos, às vezes, muito leoninos. Acho que tem uma coisa aí que é fundamental: o que é que essas plataformas têm a dar para essa cadeia local aqui? Como é que a gente pode nutrir essa cadeia a partir da nossa gente, das nossas histórias e do nosso imaginário para as plataformas que estão circulando mundialmente? A gente está dando e a gente também quer ser nutrido por isso”, disse a jornalistas durante o Cinesur.

Para ela, é preciso ampliar as discussões sobre esse tema. “O que eu sinto é uma insatisfação generalizada. E fico muito impressionada que os meus colegas, das grandes produtoras, acham que o dinheiro está com os pequenos produtores. Já os pequenos produtores acham que o dinheiro está com as grandes produtoras. Meus colegas do teatro acham que o dinheiro está todo com o cinema. Mas onde está o dinheiro? Sinto uma paralisação e insatisfação generalizada e sinto falta de a gente se encontrar mais porque existem muitas narrativas e maneiras de ver o problema. Sinto falta de a gente se reunir, com mais escuta”, acrescentou Maeve. “O debate de ideias não é fácil. Mas acho que, mais do que nunca, com as democracias em crise no mundo inteiro, precisamos aprender a organizar essas agendas”.

A atriz e diretora Bárbara Paz, que vai apresentar seu novo documentário Rua do Pescador Número 6 no Cinesur, também é a favor da regulação das plataformas de streaming. “Não tem como não defender isso. Isso é urgente. Estamos muito atrasados nisso”, disse.

“Somos brasileiros, fazemos filmes, fazemos um cinema que interessa ao mundo inteiro. O cinema brasileiro, como a música brasileira e como a cultura brasileira, interessa a todo mundo. As pessoas querem se alimentar da nossa cultura. Temos um olhar e um gosto diferenciado. Então o que queremos é filme brasileiro no streaming. E isso tem que ser pago”, defendeu.


Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito
Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito

Bárbara Paz vai apresentar seu novo documentário Rua do Pescador Número 6 no Cinesur, – Diego Cardoso/Fotografando Bonito

Discussões

O tema da regulamentação do streaming vem sendo amplamente discutido dentro do Ministério da Cultura. Em janeiro deste ano, na abertura da Mostra de Cinema de Tiradentes, a secretária nacional do audiovisual, Joelma Gonzaga, disse que é “urgente que se resolva nesse ano a regulação do VOD”.

Uma das principais questões, segundo ela, é garantir a proteção do conteúdo nacional. Em outras palavras, significa que plataformas como Netflix e Amazon Prime Video, por exemplo, teriam que garantir no catálogo disponibilizado para o público brasileiro um percentual mínimo de produções nacionais.

Atualmente, o Ministério da Cultura tem defendido as propostas presentes no projeto substitutivo apresentado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), relatora do PL 2.331/22, na Câmara dos Deputados. O texto propõe uma cota de 10% de conteúdo brasileiro nos catálogos do streaming e uma alíquota de 6% de Condecine sobre o faturamento bruto anual.

Em reunião realizada no mês passado com representantes do Movimento VOD12 pelo Audiovisual Brasileiro, a ministra Margareth Menezes disse que a regulação da plataformas representará não apenas um marco legal, mas um passo simbólico para o Brasil no cenário internacional. “Essa não é apenas uma pauta econômica ou técnica; é uma afirmação de soberania cultural. A regulamentação das plataformas de streaming vai fortalecer a produção independente e gerar novas oportunidades para criadores de todo o país”, disse, na ocasião.


Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito
Bonito (MS), 26/07/2025 - 3° Bonito CineSur - Festival de Cinema Sul-Americano. Foto: Diego Cardoso/Fotografando Bonito

 3° Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano- Diego Cardoso/Fotografando Bonito

Cinesur

O Cinesur teve início na noite de ontem, com uma homenagem à atriz paraguaia Ana Brun e a apresentação do filme As Herdeiras, pelo qual venceu o Urso de Prata de melhor interpretação feminina no Festival de Berlim em 2018.

Na edição deste ano, o festival reúne 63 filmes de nove países da América do Sul. “O Festival Sul-Americano proporciona esse espaço de discussão e de interação entre o velho e o novo, o jovem e o velho. E dessa discussão é que nasce a luz”, comentou o ator Antônio Pitanga, que apresentou a cerimônia de abertura do festival. “Cinema é a tribuna acesa para que a gente possa interagir, discutir e também consagrar, homenagear e celebrar”, acrescentou o ator.

Segundo Nilson Rodrigues, criador e diretor do festival, além da exibição de filmes, o Cinesur tem uma grande missão que é “contribuir com o processo de integração da América do Sul”.

“Somos mais de 400 milhões de sul-americanos. E nós queremos ajudar nesse processo de integração”, disse, durante a abertura do evento.

“A gente tem tanto para dizer e para aprender um com o outro. Então, esse lugar aqui nos alimenta e acho que a gente tem que aproveitar desses momentos”, completou a atriz Maeve Jinkings, que também apresentou a cerimônia.

Todas as atividades promovidas pelo CineSur são gratuitas. Mais informações sobre o festival, que será realizado até o dia 2 de agosto, podem ser obtidas no site do evento

* A repórter viajou a convite do Festival de Cinema Sul Americano Bonito Cinesur 2025



Fonte: Agência Brasil

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