O que poderia ser apenas mais um dia e mais uma onda surfada por Carlos Burque acabou se tornando um momento de aflição. O surfista brasileiro viveu, na última quarta-feira, um daqueles sustos que a gente leva para a vida inteira.
Tudo aconteceu em Portugal. O experiente surfista, de 58 anos, foi atingido por uma onda gigante na Nazaré, arrastado pelo mar e resgatado pela equipe de salvamento. As imagens das ondas — que você pode ver na galeria acima — mostram bem a força impressionante do mar.
O resgate, descrito como dramático por algumas testemunhas, contou com ação decisiva dos brasileiros Lucas Chumbo, campeão de ondas gigantes da Nazaré, e Willyam Santana, especialista na modalidade. Toda a operação foi filmada pela equipe e pela câmera que Burque carregava consigo.
Carlos Burque não perdeu a consciência enquanto esteve debaixo d’água, mas passou por dificuldades por ter sido levado muito fundo. O surfista demorou algum tempo para acionar o colete inflável que o levaria de volta à superfície. Após ser retirado do mar, recebeu atendimento imediato dos bombeiros na areia e foi transportado para o hospital.
Já recuperado do susto, Burque foi entrevistado pelo portal brasileiro UOL Esporte e revelou que nunca sentiu tanta necessidade de respirar.
“Foi o meu pior momento, com certeza. Eu nunca senti tanta vontade de respirar. Você perde muita oxigenação. O corpo entra em estado de emergência e você fica só sobrevivendo. Mas eu respondia a tudo. Quando o Lucas me perguntou como eu estava, eu disse: ‘Estou mal, me leva para a praia'”, relatou, lembrando o momento em que não conseguiu acionar o colete.
“Fui muito fundo. A pressão da profundidade nos pulmões, junto com o colete expandido e todas aquelas roupas de borracha, dificultou muito a minha respiração. Quando eu subi, não tive tempo para recuperar. Já veio a segunda onda”, continuou, relembrando o processo de resgate.
“Eu me lembro de tudo. Lembro que, em certos momentos, quando o Lucas me pega, eu já não tinha energia para acompanhar. Quando ele me pega e nós caímos de novo, tudo entrou no automático na minha cabeça. Eu nunca senti tanta vontade de respirar. Depois que tiraram meu colete na praia, parecia que eu tinha nascido de novo. Meu pulmão estava apertado, eu queria respirar e não conseguia. É uma sensação muito ruim”, reforçou.
“Eu queria fazer umas imagens e, desde a primeira onda que o Lucas me puxou, eu estava com a câmera na boca filmando para um lado e para o outro. Nessa onda, quis fazer uma imagem de frente. Quando caí, continuei segurando com as duas mãos para não perder a câmera. Por isso demorei para acionar o dispositivo, o cilindro. E quando acionei, demorei para subir, porque fui muito fundo”, contou.
“O que aconteceu foi excesso de confiança. Essas imagens são boas, mostram a intimidade do esporte. Mas hoje eu me pergunto: até onde vamos para fazer uma boa imagem? É justo pensar nisso. Eu acho ótimo registrar imagens, trabalho com isso há muito tempo, sempre fiz. Me sinto confortável pilotando e filmando, surfando e filmando. Mas hoje eu me questiono sobre isso”, finalizou.
Veja na galeria acima as imagens do processo de resgate.
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Fonte: Notícias ao Minuto


