Em “Gossip Girl”, série disponível na Netflix, o primo de um dos personagens principais, Tripp, é candidato a deputado e, após sofrer uma queda na aprovação popular, divulga um vídeo falso em que ele supostamente salva um homem, ganhando a eleição. Paralelamente, ao descrever um cenário em que a vitória do personagem decorreu da mudança de opinião pública em função da publicação, a ficção expõe a influência do espaço virtual nas campanhas eleitorais. Dessa forma, cabe avaliar os fatores (positivos e negativos) relacionados à associação entre política e tecnologia.
Inicialmente, destaca-se a contribuição das mídias sociais para o fortalecimento da democracia. Nesse sentido, segundo Marshall McLuhan, filósofo canadense, os homens criam as ferramentas e as ferramentas recriam os homens. De maneira similar, essa capacidade de transformação social da inovação tecnológica se torna nítida ao observar a mudança no marketing político causada pelo avanço da internet. Isso porque o meio virtual acessibiliza a informação, servindo como espaço comum de compartilhamento de ideias. Sendo assim, a existência desse ambiente de interação inter-pessoal faz com que a política perca parte do seu caráter oligárquico.
Outrossim, vale ressaltar que os veículos virtuais também atuam como suporte de diversas problemáticas. Nessa perspectiva, de acordo com Thomas Hobbes, filósofo iluminista, o ser humano já nasce mau, com uma tendência natural a subverter todas as suas criações. Similarmente, essa característica do comportamento humano explica o aproveitamento do meio tecnológico para a disseminação de estratégias imorais (como as fake news e os vídeos gerados por inteligência artificial) fundamentadas no pensamento político maquiavélico de que “os fins justificam os meios”, em que a ganância pela vitória sobressai os valores éticos.
Portanto, urgem medidas para evitar a corrupção da função dessas plataformas. É imprescindível, pois, que o Estado adote uma postura ativa de fiscalização virtual, por meio da articulação dos órgãos responsáveis e da Justiça Eleitoral, com o objetivo de assegurar os direitos civis dos cidadãos e a lisura do processo democrático. Assim, espera-se reverter o aspecto negativo dos espaços tecnológicos nas eleições.