O adiamento ocorreu após um pedido da defesa do ex-ministro, que alegou "piora" no estado emocional de Torres (veja mais detalhes abaixo).
Até a última atualização desta reportagem, a Polícia Federal ainda não havia definido uma nova data para o ex-ministro da Justiça depor.
O depoimento foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na última quinta-feira (20), depois de um pedido da própria PF.
Torres está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos golpistas de janeiro. Ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal à época.
Recentemente, o Ministério Público Federal defendeu que ele seja posto em liberdade e cumpra medidas cautelares.
O ministro Alexandre de Moraes, no entanto, manteve o ex-ministro preso.
'Piora' no estado emocional
No pedido de adiamento apresentado nesta segunda, a defesa de Torres diz que, depois que ele soube que o pedido de revogação da sua prisão preventiva havia sido negado, "o estado emocional e cognitivo do requerente [Torres], que já era periclitante, sofreu uma drástica piora".
Segundo a defesa, a secretaria de Saúde do Distrito Federal teria atestado, no último sábado (22), a impossibilidade de Anderson Torres "comparecer a qualquer audiência no momento por questões médicas, durante uma semana".
Os advogados afirmaram que, assim que Torres estiver recuperado, pretende "cooperar para o esclarecimento dos fatos em apuração".
'Anomalias'
Um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU) mostra que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do 2º turno das eleições de 2022.
À época, o Ministério da Justiça – ao qual a PRF está subordinada – era comandado por Torres. Atual ministro da Justiça, Flávio Dino afirmou que os dados apresentados pela PRF apontam ao menos três "anomalias" na corporação durante as eleições de 2022:
concentração de operações no Nordeste;
mudanças no planejamento inicial;
e uma determinação para que a PRF atuasse em conjunto com a Polícia Federal no segundo turno.
Quando autorizou o depoimento, Alexandre de Moraes assegurou ao ex-ministro "o direito ao silêncio e a garantia de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo".