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10/09/2022 às 11h23min - Atualizada em 10/09/2022 às 11h23min

'Vi a morte’, diz sobrevivente de naufrágio que deixou 18 mortos

Por Gazetaweb
Lancha Dona Lourdes que naufragou próximo à Cotijuba, na travessia do Marajó a Belém
Dor e angústia marcam as famílias de mortos e desaparecidos na tragédia que vitimou ao menos 18 pessoas no naufrágio do barco clandestino que afundou na quinta-feira (8), próximo à ilha de Cotijuba, em Belém.
 

De acordo com a Secretaria de Segurança do Pará (Segup), ao menos 83 pessoas estavam na lancha, 65 foram encontradas com vida. Não há dados oficiais sobre a quantidade de pessoas desaparecidas.


O pescador Antônio Gomes traz as marcas que ficaram no corpo após a tragédia. Ele é um dos sobreviventes e conta que está em choque.


“As pessoas não se salvaram porque os coletes estavam se rasgando”, denuncia. “Eu nasci de novo. Eu vi a morte”.


Os bombeiros e Marinha encerraram as buscas às 18h desta sexta. A previsão é retomar o trabalho de resgate neste sábado (10), em que mergulhadores vão verificar se há vítimas dentro do barco.
 

Além da Marinha, a Polícia Civil investiga o caso. O responsável pela embarcação estaria na embarcação e sobreviveu, segundo testemunhas, mas a polícia ainda não o localizou. Um vídeo divulgado em redes sociais mostra quando a água começou a entrar no barco .


Desaparecidos

Filho de uma das passageiras da lancha, Hamilton enfrenta a incerteza e a falta de informações. A mãe dele, Maria América Pantoja, de 75 anos, estava vindo do Marajó à capital para uma consulta médica, e fez o último contato com a família ainda na manhã de quinta-feira (7). Desde então, não há notícias sobre ela.

“Minha mãe veio nessa viagem e até agora não temos informações do paradeiro dela. A minha família está angustiada. A gente quer que se tomam providências”, diz Hamilton.
 

Tragédias marcam o Marajó

Há décadas o transporte fluvial que atende o arquipélago do Marajó é alvo de denúncias: panes, incêndios, precariedade. Um dos naufrágios mais conhecidos aconteceu em julho de 1988, quando o barco correio do Arari afundou em frente à ilha das Onças. Cerca de 30 pessoas morreram no acidente.

A Secretaria de Segurança Pública montou uma força tarefa para localizar os desaparecidos. Desde quinta (8), buscas estão sendo feitas no local. A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o naufrágio.
 

O naufrágio

A lancha carregada de passageiros, incluindo crianças e idosos, naufragou na manhã de quinta-feira (8) em frente à Ilha de Cotijuba em Belém. A embarcação saiu de Cachoeira do Arari, no arquipélago de Marajó, com destino à Belém.

A embarcação não possuía autorização para transporte intermunicipal de passageiros e saiu de um porto clandestino, segundo a Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Estado do Pará (Arcon-Pa), que já tinha notificado a empresa três vezes, a última em agosto.

Familiares, amigos e moradores de Salvaterra, na Ilha do Marajó, saíram em cortejo, no início da manhã desta sexta-feira (9), para receber os corpos das vítimas. As autoridades não divulgaram para a imprensa a relação com nomes das vítimas.


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