De acordo com a Secretaria de Segurança do Pará (Segup), ao menos 83 pessoas estavam na lancha, 65 foram encontradas com vida. Não há dados oficiais sobre a quantidade de pessoas desaparecidas.
O pescador Antônio Gomes traz as marcas que ficaram no corpo após a tragédia. Ele é um dos sobreviventes e conta que está em choque.
“As pessoas não se salvaram porque os coletes estavam se rasgando”, denuncia. “Eu nasci de novo. Eu vi a morte”.
Os bombeiros e Marinha encerraram as buscas às 18h desta sexta. A previsão é retomar o trabalho de resgate neste sábado (10), em que mergulhadores vão verificar se há vítimas dentro do barco.
Além da Marinha, a Polícia Civil investiga o caso. O responsável pela embarcação estaria na embarcação e sobreviveu, segundo testemunhas, mas a polícia ainda não o localizou. Um vídeo divulgado em redes sociais mostra quando a água começou a entrar no barco .
Desaparecidos
Filho de uma das passageiras da lancha, Hamilton enfrenta a incerteza e a falta de informações. A mãe dele, Maria América Pantoja, de 75 anos, estava vindo do Marajó à capital para uma consulta médica, e fez o último contato com a família ainda na manhã de quinta-feira (7). Desde então, não há notícias sobre ela.
“Minha mãe veio nessa viagem e até agora não temos informações do paradeiro dela. A minha família está angustiada. A gente quer que se tomam providências”, diz Hamilton.
Tragédias marcam o Marajó
Há décadas o transporte fluvial que atende o arquipélago do Marajó é alvo de denúncias: panes, incêndios, precariedade. Um dos naufrágios mais conhecidos aconteceu em julho de 1988, quando o barco correio do Arari afundou em frente à ilha das Onças. Cerca de 30 pessoas morreram no acidente.
A Secretaria de Segurança Pública montou uma força tarefa para localizar os desaparecidos. Desde quinta (8), buscas estão sendo feitas no local. A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o naufrágio.
O naufrágio
A lancha carregada de passageiros, incluindo crianças e idosos, naufragou na manhã de quinta-feira (8) em frente à Ilha de Cotijuba em Belém. A embarcação saiu de Cachoeira do Arari, no arquipélago de Marajó, com destino à Belém.
A embarcação não possuía autorização para transporte intermunicipal de passageiros e saiu de um porto clandestino, segundo a Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Estado do Pará (Arcon-Pa), que já tinha notificado a empresa três vezes, a última em agosto.
Familiares, amigos e moradores de Salvaterra, na Ilha do Marajó, saíram em cortejo, no início da manhã desta sexta-feira (9), para receber os corpos das vítimas. As autoridades não divulgaram para a imprensa a relação com nomes das vítimas.